quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Se é para sofrer...

... vou sofrer em Paris tomando champagne.

Essa foi o Pegoraro quem me disse há um milhão de anos e que se fez presente na memória esses dias. Sim, é cruel usar essa expressão, eu sei. Mas não pude evitar.

Sobre aquelas saídas de ar do metrô famosas pelo vestido e pernocas de Monroe, dormia um moço de uns trinta e poucos anos. Enrolado em um saco de dormir verde musgo, gorrinho na cabeça e uma mala surrada. Foi a primeira pessoa que eu vi nessa situação em Bonn. E achei nada feliz. Com o frio dos próximos dias nem consigo medir o que essa gente pode passar.

E falando em pobreza, mais comum - mas nem tanto assim - é ver homens e jovens sentados com seus cachorros ou copos de café a pedir um trocado no centro histórico da cidade.

E falando em mendicância, mas não em pobreza, tem um guri (leia-se uns 20 anos) que todos os dias vem com a mesma cara e a mesma conversa a abordar os transeuntes pertinho da Hauptbahnhof (estação central). Ele tá sempre rasoavelmente bem vestido, com uma cara de desespero e fala rápido. Pelo pouco que pude entender, diz que precisa de um ou dois euros (!!) para pagar a volta pra casa. O sem noção já me parou umas quatro vezes, não dei grana em nenhuma. E agora, olho pra cara do indivíduo e rio. Porra! Pelo menos se liga em quem tu já abordou umas 10 mil vezes, sabe...

Notizen.

Hoje, nada demais pela manhã. Clima típico bonniano (rá, neologismos, eu gosto): garoa, céu cinzentinho e um passo sim, outros 30 não, uma lufada de vento úmido que arrepia.

Nada demais, como disse. Um casaco mais grossinho ou duas blusas mais finas dão conta do recado. O diferente foi o comportamento dos meus dois indicadores e do dedo médio da mão direita. Vermelhos, gelados, doloridos. Primeiros efeitos reais do frio europeu. Preciso de luvas.
_____________

Ainda pela manhã, a caminho da DW, três pessoas olharam pra mim - as três vezes enquanto eu esperava pela luz verde para atravessar a rua - e abriram sorrisos imensos. Dois moços, um deles de bicicleta, e uma senhorinha simpática de chapéu bordô.

Será minha cara feliz ou o guarda-chuva multicor?
_____________

Comprei ameixas gigantescas made in Italy e chá verde em uma frutaria - era mais chiquetoza que uma quitanda, hehehe - e a atendente ficou toda preocupada. ¨Isso é chá verde, de plantas. Está certo?¨ Estava. Gente, era só chá verde. Garanto, para comprar cocaína ninguém te perguntaria: Você está certo disso?
_____________

Ontem, tomando cerveja e comendo um combo - sim, um combo - de especilidades da cozinha mexicana - não briguem comigo! Pior foi Romeu que pediu pizza no mexicano! - experimentei o que o Paulo havia postado no blog dele sobre diplomacia multinacional: ¨Além de se controlar pra não ofender de graça um colega de outro país, tem que se controlar pra não se irritar com as opinões alheias.¨

Aqui, se aplica a primeira parte. Em uma redação com portugueses e sotaques africanos dignos da terrinha, onde há negros e branquelos, sulamericanos - brasucas de diversas regiões, africanos, europeus, isso é mais que um exercício. É cuidado e bom senso.

Daí, que ficamos eu (paulista do interiorrrrrr), Julia (gaúcha/balnear camburiense) e Romeu (moçambicano de Maputo) a discorrer sobre a coisa. Tudo porque, primeiro dia na DW eu chamei o Romeu de ¨nego¨ como faço com todo mundo e criou-se uma encanação na minha cabeça. Será que ele se importa?

Às vezes há pré-preconceitos.

E falando em sotaques e expressões...
Estou a falar coisas como os (por)Tugas, opá. Ou melhor, estou quase a falar. Ao menos por enquanto, me segurei, mas vou te dizer, as frases vão se formando cá na minha cabecinha perturbada com um acento luso incessante.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sons latinos.


Latitudes e latinidades próximas aproximam as pessoas.
Cacofonias a parte, uma música - apresentada pelo Tosetto - anda a me perseguir já há algum tempo. Versão latina do Buena Vista Social Club para a pérola do Franz Ferdinand "Dark of the matinné". Vale a pena, viu. E dá pra achar no YouTube pelo nome da canção plus intérpretes.

Além dessa, Kaiser Chiefs entre outros.

O som é tão bom que você acaba por se pegar dando umas balançadinhas para o lado. :)

___________________

Mudando de pato pra ganso (eu gosto dessa expressão, apesar de achá-la tolinha!) é a primeira vez que encaro um blog como blog.

___________________

Mudando de ganso pra pato...

Receita: A história de sexta.

Ingredientes.

1 quilo de convite para visitar Colônia
1 xícara de mudança de planos
5 ou, melhor, coloque logo 6 pessoas - todas praticamente desconhecidas para a acrescida por último nessa receita.
1 punhado de Pendel (o bar)
2 dedos de Flower´s (o inferninho)
3 folhas invernais derrubadas pelo frio
Jever (um dos tipos de cerveja consumidos)
"Sem fim" para flambar.

Modo de preparo.

Pegue o convite para Colônia e marine por duas a três horas. Substitua o tempero e adicione uma xícara de mudança de planos. Aqueça a mistura em fogo brando e alguns litros de Jever. Assim que estiver a 28ºC, mais ou menos, adicione um punhado de Pendel e outras três pessoas - duas, depois, mais uma para dar gosto.

Deixe cozinhar.

Depois de cerca de quatro horas, acrescente 2 dedos de Flower´s ao som de rock 60´s e 70´s. (Há aqui um ingrediente secreto, pode ser uma gota de "nossalinguadaianeza" e amizade com a dona do bar). Flambe em "sem fim". Depois é só retirar do fogo e desenformar em 3 folhas invernais beeeem geladas, antes de levar para a mesa.

Uma delícia que faz a gente perder as estribeiras!


PS: Foto roubada da própria página do Pendel, o bar onde tudo começou... http://www.cafe-bistro-pendel.de/

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poppelsdorf


Essa é Bonn, uma pequena área do centro, na verdade.

Por falta de fotos próprias - e isso vai ser solucionado logo - roubei uma.

Dá pra ver o Schloss Poppelsdorf e sua Alle (algo entre alameda e avenida, no meu entender). Na área externa do palácio está o Jardim Botânico de Bonn e nele alguns museus científicos como o de mineralogia (pirei?).
Em cima, dá pra ver uma mancha azul, não? É um pedaciquinho do Reno.

Garoa.

Olá pessoas queridas!
Sinto saudades e esse blog vai servir pra algo, creio... Contar causos (ou casos), dar notícias boas (espero!), falar besteira e matar um pouco dessa saudade!

Hoje é segunda-feira e estou uma semana e três dias atrasada nas atualizações, então, não esperem que eu comece do começo.

O clima típico desses dias de início do inverno apareceu esta manhã: Nuvens cinzentas que não te deixam saber se acabou de amanhecer ou passou do meio dia e uma garoa ¨paulistana¨. Mesmo assim, vim caminhando pelo Reno até a Deutsche Welle (DW).

É interessante ver que mesmo com a chuvinha as pessoas aqui saem para seu cooper, vão aos lugares de bicicleta - com e sem guarda-chuva - e mantém-se fiéis aos passos em detrimento do metrô e dos ônibus. Acho uma graça! Rá! Falando em bicicletas... eu fico com a seguinte sensação ao ver tantas atadas a postes, gradís e toda sorte de suportes ou simplesmente apoiada nos ¨pezinhos¨ de parada: ¨Alguém vem me buscar algum dia?¨ Verdade! A mim elas dizem entristecidas que estão a esperar donos que nunca vêm e, sim, eu sei. Isso é pira da minha mente perturbada.

Voltando às caminhadas... Eu, também pretendo andar até o trabalho mesmo com chuva. Hoje é meu ¨debut¨ nas entrevistas. Aziz ab´Sáber e Carlos Nobre, ambos a falar de meio ambiente, que desde a ida à Sampa me persegue.

Notícias mais interessantes, logo. Com direito a meu alter ego e seu dialeto (só para iniciados).

Tchuss! (Lê-se: Tchu-úuss)
D.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008